Via Plástico.com
O desenvolvimento de matérias-primas com formulações sofisticadas, casos dos plásticos de engenharia e de compósitos dotados com reforços cuidadosamente desenvolvidos, é indispensável para se chegar a peças mais leves para a indústria automobilística. Tal demanda não passa despercebida das grandes fabricantes de produtos químicos mundiais, casos da Braskem, DuPont, Solvay e Bayer.
Um exemplo ocorre com a companhia brasileira. “O mercado automotivo é muito importante para a Braskem, um dos principais na atuação técnico-comercial da petroquímica”, avalia Heitor Trentin, gerente de contas de polipropileno. O segmento tem uma participação relevante nas vendas e no faturamento da empresa. “Por serem aplicações no ‘estado da arte’, as resinas utilizadas também possuem requisitos técnicos de especialidades, que trazem rentabilidade superior à de aplicações consideradas commodities”.
De acordo com Trentin, devido às características e exigências técnicas, o setor coloca uma série de desafios para as equipes de desenvolvimento da empresa, que trabalham sempre em conjunto com os clientes. “Uma das principais tendências é a definição de especificações e plataformas globais”, disse. São os casos, por exemplo, da necessidade de aumento da fluidez das resinas para produção de peças de menor espessura, redução de voláteis, redução de marcas de fluxo nas peças injetadas, redução de contração, uso de processos para produção de peças espumadas, além da substituição de peças metálicas por compostos de polipropileno com fibra de vidro.
Para aplicações automotivas, a Braskem fornece polipropileno, polietileno e PVC. A Unidade de Negócios de Insumos Básicos também fornece matérias-primas para a produção de borrachas, além de derivados de petróleo para lubrificantes, por exemplo. Entre as aplicações mais usuais estão para-choques, painel, caixas de bateria, tanques de combustível, tapetes, tecidos, sistemas de ar-condicionado, airbags, reservatórios e diversas outras partes internas dos veículos.
Vem sendo desenvolvida uma série de produtos para atender a essas demandas e especificações. Exemplos recentes são o CP 393, copolímero de baixíssima contração “zero gap”, CP 286, copolímero com elevada resistência ao impacto; e CP 100, copolímero de altíssima fluidez. “Dentro do nosso pipeline de projetos, temos pelo menos mais duas famílias de PP que devem ser lançadas no próximo biênio, em linha com as exigências do mercado”, revelou.
Alto desempenho – O mercado automotivo é responsável por cerca de 60% das vendas globais da unidade da DuPont Polímeros de Performance. “Trabalhamos muito em projetos de substituição de metal para polímeros de performance”, explica Rogério Colucci, diretor de marketing e vendas América Latina da DuPont Polímeros de Performance. De acordo com o executivo, as novas tendências da indústria automotiva são favoráveis ao portfólio de produtos da empresa. “Tanto por quesitos térmicos quanto por integração de componentes, participamos desta dinâmica com muita propriedade”. Os principais objetivos são desenvolver materiais para radiadores de ar, dutos de ar (ambos para o sistema de alimentação do turbo), válvulas termostáticas e cárter.
Para esse nicho, a DuPont oferece completa gama de termoplásticos, cada qual destinado a segmentos específicos. O poliacetal Delrin, por exemplo, é aplicado em peças do interior e sistemas de segurança; o poliéster elastomérico Hytrel é muito aproveitado em peças de suspensão; a linha Zytel, composta por poliamidas 6, 6.6, 6.10, 6.12, 10.10 e co-polímeros, é indicada para peças do powertrain, tampas de motor, coletor de admissão, linhas de combustíveis e freio a ar, entre outras; o poliéster PBT Crastin é utilizado em faróis e estruturas metalizadas; além dos termoplásticos, possui a linha de borracha AEM com a marca Vamac, usada como selo mecânico ou na estrutura de dutos de ar.
Colucci destaca a possibilidade de combinar diferentes materiais a partir de um trabalho integrado para o desenvolvimento da concepção inicial do desenho da peça até a consolidação dos testes finais em protótipos. “A combinação de vários materiais em uma única estrutura oferece grande benefício de custo na peça final”.
A DuPont lançou recentemente o DuPont Zytel Plus, obtido a partir de nova tecnologia de polimerização de poliamida. O material possui propriedades térmicas de trabalho constantes em até 210-220°C e podem incorporar novos sistemas, anteriormente limitados pelo quesito térmico ou pelo custo de processabilidade. “Com a aplicação de Zytel Plus, a indústria pode diminuir até 11 quilos no peso final de cada veículo”. Ele pode ser usado em peças como cárter, filtros de óleo, sistema de exaustão, válvulas termostáticas, tampa de motor, dutos de ar para o sistema turbo, entre outras. “Essas peças não eram fabricadas em poliamidas convencionais, cujo coeficiente térmico gira em torno de 150°C”, comentou.
Plásticos de engenharia – Em todo o mundo, as vendas para a indústria automobilística representam em torno de 50% do faturamento da unidade plásticos de engenharia da Solvay – que usa a marca Rhodia no Brasil. “As análises de tendências, estratégia e principalmente a parceria desenvolvida com nossos clientes são as principais fontes de inspiração para as inovações geradas pela Solvay para o mercado de automóveis”, explica Suzana Kupidlowski, gerente do mercado automotivo da divisão.
Equipes voltadas para pesquisa e desenvolvimento atuam no Brasil, França, Coréia do Sul e Índia para oferecer soluções desenvolvidas para o uso de poliamidas 6, 6.6 e 6.10. “Também oferecemos vasta gama de serviços, como os de simulação em moldflow e MMI para modelagem multiescala e análise estrutural de altíssima tecnicidade e qualidade, essenciais para garantir o sucesso da substituição do metal em peças complexas dos automóveis”.
O vasto portfólio de compostos de poliamida oferecidos são utilizados em partes externas, como maçanetas, suporte de espelhos retrovisores, rack de teto, calotas, entre outros, e internas, em pedais, coletores de admissão de ar, peças próximas ao motor, restritor de torque, carcaças de filtros, módulo de filtro de óleo, tanque de radiadores, galeria de combustível, tampa de comando de válvulas e outras. “Podemos citar como recentes exemplos de substituições de metal o cárter de óleo e o suporte do motor”, apontou.
Uma das novidades da Solvay destacada pela gerente é a grade Techynyl Exten D 218 CR V33, composto de poliamida para aplicações automotivas que necessitam apresentar resistência à glicólise e aos sais utilizados para degelo em países com rigoroso inverno. “Também podemos citar toda a linha Technyl desenvolvida para necessidades especificas de peças relacionadas a motores turbo, forte eixo de crescimento no Brasil”. Entre essas necessidades estão resistência à alta temperatura, blow molding e flexibilidade de design em peças como dutos de ar e coletores de admissão turbo.
Na recente Feiplastic, realizada em maio passado, a Solvay apresentou dois lançamentos internacionais voltados para aplicações destinadas a peças para a indústria automotiva. O Technyl One, fruto de tecnologia patenteada, é indicado para aplicação em dispositivos de alta proteção elétrica. O material atende as necessidades dos fabricantes no desenvolvimento de peças cada vez menores e mais complexas. “É um plástico de engenharia com alta fluidez, indicado para produtos de espessura reduzida e desempenho elétrico aprimorado”, comentou Suzana.
A outra novidade, o Sinterline, é uma poliamida 6 em pó, desenvolvida especificamente para processos de sinterização a laser. Ela permite a impressão em 3D de peças complexas em plásticos de engenharia para diferentes aplicações e mercados.
Policarbonatos – “Esse setor é de extrema importância para a MaterialScience e representa mais de 1/5 das vendas globais da companhia”, revela Luís Carlos Sohler, Head da Unidade de Negócios Policarbonatos para a América Latina da Bayer. Nesse contexto, o Brasil é um mercado prioritário, por possuir indústria automobilística com grande capacidade de produção (cerca de 3,5 milhões de unidades/ano). Todo o trabalho de pesquisa e desenvolvimento da empresa é realizado em centros de pesquisa na Alemanha, Estados Unidos e China.
Para este mercado a multinacional fornece policarbonato e blendas de policarbonato, matérias-primas que contribuem para a redução do peso de peças dos veículos em até 50%, quando substituem materiais metálicos. As linhas de produto da companhia e suas aplicações são: Apec, policarbonato de alta temperatura utilizado em molduras de refletores das luzes de neblina, refletores de farol alto, filtros de lâmpada e na cobertura de lâmpadas; o policarbonato Makrolon, usado em aplicações como molduras e lentes de faróis e guias de luz, que exigem alta resistência ao calor, juntamente com excelente resistência ao impacto e transparência luz.
“As blendas Bayblend, formadas pelas composições PC+ABS e PC+ASA, tem como características rigidez, estabilidade dimensional, resistência, baixa absorção de umidade e boa resistência ao calor”. São indicadas para aplicações interiores, tais como painéis de instrumentos, revestimentos das colunas, sistemas de ar-condicionado, molduras dos instrumentos, tampa do airbag, tampa do porta-luvas, consoles, grelhas dos alto-falantes, tampas das rodas e emblemas.
Como destaque da linha, Sohler cita o novo grade de policarbonato Bayblend PG, desenvolvido em parceria com a empresa alemã Gerhardi Kunststoff Technik. “Ele permite a personalização das partes internas dos carros a partir de um molde variável. Apresenta estruturas foscas de alto brilho, tons atraentes e superfícies revestidas e metalizadas”. Os graus da blenda Bayblend PG podem ser combinados com variantes estruturadas de cromo, produzindo componentes galvanizados.
Outra linha oferecida é a Makroblend (PC+PBT; PC mistura+PET). “É formada por resinas com boa resistência química a lubrificantes, solventes e agentes de limpeza, além de possuir excelente estabilidade dimensional. São aplicadas nas partes exteriores dos veículos, incluindo grades do radiador e para-choques”, relatou.
De acordo com o executivo, os negócios em 2015 para o setor automotivo no Brasil estão sendo prejudicadas pelos problemas econômicos. “Houve redução dos incentivos fiscais ao segmento automobilístico, maior restrição ao crédito e juros mais altos para os consumidores finais, além do fortalecimento do dólar frente ao real”, avaliou. Ele estimou redução da ordem de 20% das vendas em comparação com as do ano passado.
Fonte: Plástico.com | www.plastico.com.br
Postado por: Zurich Termoplásticos | WWW.INJECAODEPLASTICOS.COM.BR
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